domingo, 29 de agosto de 2010

'The Pacific' vai além do (excelente) visual

Séries e filmes de guerra tentam sempre retratar o que acontece aos soldados no campo de batalha com o máximo de realismo. Vencedor do prêmio Emmy de Melhor Minissérie, The Pacific faz isso com uma maestria técnica impressionante. Da direção de arte à cinematografia, passando por efeitos especiais e a direção, a série tem um visual simplesmente irretocável.

O mais interessante é que a série de TV mais cara da história, com um orçamento de US$ 200 milhões, produzida para a HBO por Steven Spielberg e Tom Hanks, tem também um roteiro excelente, onde a narrativa vai além das cenas de ação e da representação realista do combate.

O roteiro de The Pacific é baseado em dois livros de veteranos de guerra e entrelaça as histórias reais de três fuzileiros navais americanos, contando o que acontece aos homens e aos seus espíritos, algo difícil de imaginar para quem nunca esteve numa situação como aquela. Tédio, ansiedade, ódio, culpa, a transformação de homens de fé em incrédulos e a busca por um sentido para todo tipo de atrocidade estão nos dez capítulos e tornam as histórias de John Basilone, Eugene Sledge e Robert Leckie ainda mais tocantes e significativas.

A minissérie pode chocar os mais fracos e emocionar o espectador, mas com certeza o fará refletir sobre os horrores da guerra e sobre quão efêmera é a existência humana. Imperdível, do primeiro ao último capítulo.

Um último conselho: assista à abertura de The Pacific. É espetacular. Confesso que assisti aos créditos iniciais em todos os dez capítulos.

domingo, 22 de agosto de 2010

Burocracia, malandragem e o serviço no Brasil

Vivemos em um país onde a burocracia torna tudo lento e moroso, um efeito colateral da tentativa de blindar o sistema público contra a corrupção que impera em uma cultura onde levar vantagem é uma atitude aceita e encorajada.

Essa cultura acabou contaminando as empresas privadas e o atendimento ao consumidor, engessando instituições que, por natureza e exigência de um mercado cada vez mais competitivo, deveriam ser ágeis e flexíveis. Mesmo empresas multinacionais que, em outros países tem um atendimento ao cliente que é referência, acabam reféns desse círculo vicioso que escapou da esfera pública e influencia toda a sociedade brasileira.

As empresas que prestam serviços ao consumidor no Brasil parecem estar sempre se defendendo da possível malandragem do cliente, aquele que deveria ter sempre razão. Criou-se um padrão inverso no atendimento ao consumidor, onde a burocracia é que manda.

Na semana passada, confirmei essa teoria através de uma desagradável experiência com o PHD - Pizza Hut Delivery em São Paulo. A operação era simples: fazer um pedido usando um cupom de desconto que havia ganho na última vez que fiz uma compra com eles. Uma boa maneira de fidelizar o cliente, que acabou fazendo justamente o contrário. O tal sistema não permitia ao atendente me dar o desconto. Um consumidor consciente, gastei 25 minutos e muita paciência para fazer valer o meu direito e finalizar o pedido do jeito que gostaria. Nada feito. Mesmo depois de todas as explicações e de pedir para falar com o gerente, quando o pedido chegou à minha residência, não era o que eu queria.

De fato, é uma pena que nesse círculo vicioso, empresas e consumidores estejam perdendo por conta de uma cultura que precisa urgentemente mudar.