terça-feira, 14 de junho de 2011

Esporte pra homem

Esse texto é inspirado na vivência de uma amiga minha. É para ela, para todas as mulheres e principalmente para os homens.

Os relacionamentos parecem ser mesmo um dos grandes mistérios da humanidade. Talvez por isso é que sempre pipocam textos sobre o assunto, especialmente perto do Dia dos Namorados. Tem esse aqui, do Xico Sá e esse outro, bem divertido, do site Mulé Burra. Quer saber o que eles tem em comum? Eles acusam a nós, homens, de sermos frouxos.

De maneira geral, sou obrigado a concordar. Enquanto praticam esportes radicais e tomam atitudes que colocam suas vidas em risco por uma pequena dose de adrenalina, quando o assunto é intimidade, relacionamento e mulheres, os homens, apavorados, costumam fugir o mais rápido possível.

Nunca pulei de paraquedas, não faço questão alguma de experimentar bungee jump, não dirijo por aí em alta velocidade e nem mesmo gosto das montanhas russas nos parques de diversão. Proponho um esporte muito mais extremo: se relacionar de verdade com uma mulher, esse ser aparentemente indecifrável.

O friozinho na barriga que antecede aquele primeiro encontro deve ser comparável ao de alguém que, na porta de um avião a 10.000 pés de altura, se prepara para o salto. Pule e, garanto, na maioria das vezes você encontrará muito mais do que uma bela vista e momentos fugazes de emoção. Mas você tem que estar disposto a correr o risco.

Claro que não precisa sair por aí pulando em qualquer relacionamento. Meça a altura, confie nos seus instrumentos, observe as condições climáticas e use equipamento de segurança. Mesmo assim, esteja ciente que, independente do nível de proteção que vestimos, sempre há uma chance de algo sair errado. Às vezes quebramos uma perna ou um braço. E de vez em quando simplesmente damos de cara no chão como nos desenhos animados.

Quer saber? Não tem problema. Ossos fraturados e cicatrizes são troféus? Corações partidos, sonhos estilhaçados e orgulho arranhado também são. Depois de passado o período de recuperação, tudo volta pro lugar (sempre volta) e você estará pronto pra pular de novo. Falhas catastróficas e erros grosseiros tornam-se apenas histórias divertidas e lições para os próximos saltos.

Se joguem. Eu juro que vale a pena, mas fica a advertência: é esporte pra homem.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Farewell note

To my friends, to my family, to my loved ones:

Being afraid to die has haunted me since I was old enough to understand what death is, but by now I've already made peace with the fact that it's an essential part of life. That's a relief.

When I'm old and ill, don't let me go staring at a white, sterile ceiling of a hospital room. Please take me outside. Take me somewhere I've never been, if at all possible. Let me feel the warmth of the sun in my wrinkled skin for the last time and let me see the wind blowing in the leaves of a tree. Let me hear some music.

Please don't ask me to stay, because by then I'll have stayed enough in this world. There's no need to be afraid. I won't be, I promise. If tears come down my face, don't be sad, as they won't be tears of sorrow or angst. They'll be tears of joy and gratitude for a life filled with love.

I won't have any regrets. I'll be proud of myself for doing the right thing (most of the times, anyway). I hope you are too. I'm certain I'll be proud of you and I'll be sure to let you know that.

I'll keep my calm, as usual. I believe in karma and in many things that I probably shared with you throughout these years. If I'm right, we'll meet again soon in the next life, wether it's here or in another world.

Thank you all for everything. I love you.

Farewell.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Contemplar



Con·tem·plar

v.t. Olhar atentamente, embevecidamente e demoradamente; admirar, apreciar.


Meditar em, refletir.


Levar em consideração.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Parte do problema?

Sempre me considerei um cidadão de classe média, como muita gente. Mas, hoje de manhã, um post no Twitter me chamou a atenção para o fato de que eu talvez estivesse equivocado. Para o autor do tweet, a maioria das pessoas que reclama da vida da classe média brasileira na rede social pertence na verdade às classes A e B. A classe média, por definição, seria a classe C. Ainda segundo ele, reconhecer que não é classe média, que pertence à classe A ou B, seria admitir que faz "parte do problema". Essa afirmação me incomodou um bocado.

O primeiro passo era checar: será que sou mesmo um cidadão da classe média? Se considerarmos que a classe média é a classe C, de acordo com os parâmetros do IBGE, não sou. Se ainda somasse minha renda à das pessoas que dividem comigo o apartamento onde moro, certamente não poderia me considerar mais um cidadão da classe média. Sinceramente, se você tem filhos e mora em um grande centro urbano como o Rio de Janeiro ou São Paulo, uma renda familiar de R$ 5.100 (o teto da tal classe C) provavelmente não será suficiente para levar uma vida confortável, mas não foi isso que gerou o incômodo.

O que me incomodou mesmo é que, segundo a lógica daquele tweet (e de muita gente boa que eu conheço por aí), pertencer à classe A e B me torna "parte do problema". "Parte do problema"? Isso é absolutamente inaceitável! Em primeiro lugar, não acredito que para que eu possa ganhar um salário decente no sudeste, algumas famílias tenham que passar fome no norte do país. Creditar a responsabilidade pela desigualdade social única e exclusivamente às classes A e B é um absurdo. Rejeito esse estigma com todas as minhas forças, pois isso faz parte de uma ideologia ultrapassada que tinha na sua base a luta de classes. Uma ideologia que, assim como termos como burguesia e patronado, na minha opinião, já não faz o menor sentido no atual cenário socioeconômico global.

Rejeito a conclusão de que sou "parte do problema" porque faço a minha parte: pago meus impostos, respeito as leis, trato a todos com educação, procuro votar com consciência nas eleições e tento ensinar esses valores à minha filha. O fato de possivelmente ser parte da elite econômica desse país, o que acho lamentável dado o meu atual poder aquisitivo e patrimônio (nulo), não me torna necessariamente "parte do problema". Se tenho um papel no sistema, considerando a quantidade de impostos e tributos que pago, é o de pagar parte da conta. Então, enquanto mais de 1/5 do meu salário for direto para o governo sem que eu veja o resultado disso, enquanto eu tiver uma postura correta diante da sociedade e das pessoas que me cercam, independente da minha classe social, da minha renda mensal ou de qualquer outra coisa, não venha me dizer que eu sou "parte do problema".

segunda-feira, 14 de março de 2011

Gota de chuva

Em uma mente inquieta, os pensamentos são como gotas de chuva em mar revolto. Não provocam mudanças. Passam despercebidos, imperceptíveis em um turbilhão de emoções e sentimentos.

Mas, em uma mente em harmonia, um pensamento é como uma gota de chuva que cai sobre um lago plácido. Singela, ela toca a água em um único ponto, mas cria uma onda que se espalha para além do que poderia se supor.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

A arte de perseguir

Os relacionamentos são um pouco como as perseguições protagonizadas por detetives particulares e policiais nos filmes. É preciso usar a intuição e seguir seus instintos para encontrar a distância correta e ser bem sucedido.

Já disse aqui que, quando era pequeno, não queria ser astronauta ou bombeiro. Queria ser um detetive. Sempre fui fascinado por essas figuras que, entre muitas outras, tem a habilidade de seguir alguém sem ser visto. Sequências inteiras de clássicos como A Marca da Maldade, Chinatown e O Terceiro Homem são dedicadas a isso.

E, diferente do que os filmes fazem parecer, definitivamente não é algo simples. É uma arte que requer anos para aperfeiçoar. De carro ou a pé, é preciso manter a distância certa entre você e seu objetivo. Chegue perto demais e será descoberto. Se ficar muito longe, vai perder seu alvo de vista. É algo dinâmico e requer uma boa dose de instinto para saber quando se aproximar. E quando observar à distância.

Assim também são os relacionamentos. Leva anos para aprender, normalmente (e infelizmente) na base da tentativa e erro. É preciso conhecer seu parceiro e ter a sensibilidade para reconhecer quando chegar bem perto e quando dar um pouco de espaço. Os riscos aqui também são parecidos. Se não der ao outro espaço para respirar, a relação se desgasta. Se ficar longe demais, perde o contato e corre o risco de, ainda que sem querer, enviar uma mensagem equivocada.

O jogo é esse: respeitar os limites de cada um e encontrar o equilíbrio entre as duas individualidades, o espaço comum. Essa brincadeira de gato e rato ajuda a manter o interesse. Nem sempre é fácil, mas garanto que a recompensa é muito maior do que capturar o suspeito ou desvendar uma trama misteriosa.