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Já disse aqui que, quando era pequeno, não queria ser astronauta ou bombeiro. Queria ser um detetive. Sempre fui fascinado por essas figuras que, entre muitas outras, tem a habilidade de seguir alguém sem ser visto. Sequências inteiras de clássicos como A Marca da Maldade, Chinatown e O Terceiro Homem são dedicadas a isso.
E, diferente do que os filmes fazem parecer, definitivamente não é algo simples. É uma arte que requer anos para aperfeiçoar. De carro ou a pé, é preciso manter a distância certa entre você e seu objetivo. Chegue perto demais e será descoberto. Se ficar muito longe, vai perder seu alvo de vista. É algo dinâmico e requer uma boa dose de instinto para saber quando se aproximar. E quando observar à distância.
Assim também são os relacionamentos. Leva anos para aprender, normalmente (e infelizmente) na base da tentativa e erro. É preciso conhecer seu parceiro e ter a sensibilidade para reconhecer quando chegar bem perto e quando dar um pouco de espaço. Os riscos aqui também são parecidos. Se não der ao outro espaço para respirar, a relação se desgasta. Se ficar longe demais, perde o contato e corre o risco de, ainda que sem querer, enviar uma mensagem equivocada.
O jogo é esse: respeitar os limites de cada um e encontrar o equilíbrio entre as duas individualidades, o espaço comum. Essa brincadeira de gato e rato ajuda a manter o interesse. Nem sempre é fácil, mas garanto que a recompensa é muito maior do que capturar o suspeito ou desvendar uma trama misteriosa.
2 comentários:
Está ensinando a arte de stalkear, Diogo? Que coisa feia...
ótimo texto!
Beijos.
Hahaha... Espero que não.
Obrigado, Andi.
Beijos.
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