Os relacionamentos são um pouco como as perseguições protagonizadas por detetives particulares e policiais nos filmes. É preciso usar a intuição e seguir seus instintos para encontrar a distância correta e ser bem sucedido.
Já disse aqui que, quando era pequeno, não queria ser astronauta ou bombeiro. Queria ser um detetive. Sempre fui fascinado por essas figuras que, entre muitas outras, tem a habilidade de seguir alguém sem ser visto. Sequências inteiras de clássicos como A Marca da Maldade, Chinatown e O Terceiro Homem são dedicadas a isso.
E, diferente do que os filmes fazem parecer, definitivamente não é algo simples. É uma arte que requer anos para aperfeiçoar. De carro ou a pé, é preciso manter a distância certa entre você e seu objetivo. Chegue perto demais e será descoberto. Se ficar muito longe, vai perder seu alvo de vista. É algo dinâmico e requer uma boa dose de instinto para saber quando se aproximar. E quando observar à distância.
Assim também são os relacionamentos. Leva anos para aprender, normalmente (e infelizmente) na base da tentativa e erro. É preciso conhecer seu parceiro e ter a sensibilidade para reconhecer quando chegar bem perto e quando dar um pouco de espaço. Os riscos aqui também são parecidos. Se não der ao outro espaço para respirar, a relação se desgasta. Se ficar longe demais, perde o contato e corre o risco de, ainda que sem querer, enviar uma mensagem equivocada.
O jogo é esse: respeitar os limites de cada um e encontrar o equilíbrio entre as duas individualidades, o espaço comum. Essa brincadeira de gato e rato ajuda a manter o interesse. Nem sempre é fácil, mas garanto que a recompensa é muito maior do que capturar o suspeito ou desvendar uma trama misteriosa.