Peguei emprestado o título do excelente filme de 2003 da diretora e roteirista Sofia Coppola para contar um pouco do processo de adaptar Retrato de Família para uma língua estrangeira.
A adaptação desse roteiro de drama no qual já venho trabalhando há um tempo faz parte de um plano para tentar encontrar algum espaço no mercado internacional que, apesar de muito mais concorrido, tem também muito mais oportunidades.
O primeiro passo para iniciar esse trabalho foi olhar para a história como um todo e identificar nela o que precisaria ser modificado numa transposição para uma realidade estrangeira. Americana, no caso. Facilitou muito o fato desse drama ser basicamente uma história universal sobre a culpa e a perda. Uma história essencialmente humana que poderia se passar em qualquer lugar do mundo.
Depois, comecei a escrever, do zero, em inglês. O que parecia ser o mais difícil, os diálogos, acabaram vindo naturalmente. É claro que os personagens são pessoas comuns e isso ajuda bastante. Nada de intelectuais de vocabulário rebuscado ou o palavreado técnico típico de uma carreira científica, por exemplo. Se estima que o vocabulário que a maioria das pessoas utilizam para se comunicar verbalmente representa uma pequena fração das palavras existentes em uma dada língua. Talvez isso e o fato de já ter assistido tantos filmes e seriados expliquem essa grata surpresa.
Mas, como o título do post sugere, nem tudo são flores nesse processo. Assim como ocorre com os personagens de Bill Murray e Scarlett Johansson em Lost In Translation, a sensação de vazio e de solidão por vezes toma conta. Acho que é inevitável quando se está escrevendo em uma língua estrangeira, ainda que você esteja cercado de dicionários e ferramentas para apoiá-lo nessa tarefa. O que parecia ser fácil, as descrições de cena, acabaram se revelando um tremendo desafio. Isso porque, apesar de a prosa audiovisual ser enxuta e estritamente visual, de vez em quando a palavra mais interessante falta, a melhor construção escapa. Não é que não haja palavras no meu vocabulário, ou referências e regras para a construção gramatical adequada. É que, versátil como poucas, a língua inglesa permite ao interlocutor uma miríade de opções na hora de formar orações e sentenças. E é preciso fluência, experiência e sensibilidade na hora de escolher a forma mais elegante e instigante de descrever algo tão simples quanto alguém que se levanta de sua mesa e atravessa um ambiente.
Aos poucos, eu chego lá.
A adaptação desse roteiro de drama no qual já venho trabalhando há um tempo faz parte de um plano para tentar encontrar algum espaço no mercado internacional que, apesar de muito mais concorrido, tem também muito mais oportunidades.
O primeiro passo para iniciar esse trabalho foi olhar para a história como um todo e identificar nela o que precisaria ser modificado numa transposição para uma realidade estrangeira. Americana, no caso. Facilitou muito o fato desse drama ser basicamente uma história universal sobre a culpa e a perda. Uma história essencialmente humana que poderia se passar em qualquer lugar do mundo.
Depois, comecei a escrever, do zero, em inglês. O que parecia ser o mais difícil, os diálogos, acabaram vindo naturalmente. É claro que os personagens são pessoas comuns e isso ajuda bastante. Nada de intelectuais de vocabulário rebuscado ou o palavreado técnico típico de uma carreira científica, por exemplo. Se estima que o vocabulário que a maioria das pessoas utilizam para se comunicar verbalmente representa uma pequena fração das palavras existentes em uma dada língua. Talvez isso e o fato de já ter assistido tantos filmes e seriados expliquem essa grata surpresa.
Mas, como o título do post sugere, nem tudo são flores nesse processo. Assim como ocorre com os personagens de Bill Murray e Scarlett Johansson em Lost In Translation, a sensação de vazio e de solidão por vezes toma conta. Acho que é inevitável quando se está escrevendo em uma língua estrangeira, ainda que você esteja cercado de dicionários e ferramentas para apoiá-lo nessa tarefa. O que parecia ser fácil, as descrições de cena, acabaram se revelando um tremendo desafio. Isso porque, apesar de a prosa audiovisual ser enxuta e estritamente visual, de vez em quando a palavra mais interessante falta, a melhor construção escapa. Não é que não haja palavras no meu vocabulário, ou referências e regras para a construção gramatical adequada. É que, versátil como poucas, a língua inglesa permite ao interlocutor uma miríade de opções na hora de formar orações e sentenças. E é preciso fluência, experiência e sensibilidade na hora de escolher a forma mais elegante e instigante de descrever algo tão simples quanto alguém que se levanta de sua mesa e atravessa um ambiente.
Aos poucos, eu chego lá.
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